ACREDITE, SE QUISER! - Maria Francisca

 23 de março de 2024 

Neste verão,  estamos sempre falando do calor e das chuvas, que arrasam diversos lugares, caindo aqui, perto de nós, um pouco mais leve, apesar de fazer sofrer  pessoas de outros bairros.

Conversando com meu amigo José Luiz sobre essas questões, lembramo-nos daqueles  que sabem dizer se vai chover, se vai ter sol, pela simples  observação. Os “meteorologistas” práticos. Falei sobre o  rapaz que trabalha aqui no prédio e que  nós chamamos de meteorologista, porque ele fica a dizer: hoje não vai chover. Estamos com vento sul. Outra hora: hoje vai chover, o vento está virando…

Meu pai, um agricultor experiente e sensível, olhava para o céu e dizia: Hoje vai chover. Como sabe, papai? Névoa na serra, chuva na terra, dizia. E quando não vai chover, como é? Névoa baixa, sol é que racha…

E ele acertava sempre.

Mas há mais coisas entre o céu e a terra do que pensa a nossa vã filosofia, teria dito Shakespeare.

Exemplo: as benzedeiras. Elas benzem os trovões, conseguem abrandar o vento… Isso dizem os crédulos. Eu nunca vi. A única notícia verdadeira  que sei de alguém parar o vento foi Jesus.

Em lugares distantes, faltam médicos. Quem atende o povo? As benzedeiras, claro. Uma febre de uma criança, uma  alergia…O que fazer, se a pobreza não permite à pessoa levar o filho ao médico numa cidade, mesmo perto? Outro exemplo: As parteiras…  Todos nós, meus irmãos eu, viemos ao mundo por parteiras…

Das simpatias, todo o mundo conhece  histórias esdruxulas.

Fui procurar no google e encontrei coisas interessantes.

Por exemplo: Há quem ache que pode conquistar o coração de outra pessoa colocando o seu nome num pires com açúcar e acendendo uma vela. Também se pode colocar uma vassoura atrás da porta de casa quando um visitante indesejado vai embora, de modo que ele nunca mais volte. Há outras: . É o caso das ferraduras, dos pés de coelho, dos ramos de arruda e dos trevos de quatro folhas, espada de São Jorge que, segundo a sua simbologia,  é um escudo para a casa contra energias negativas, além trazer prosperidade aos habitantes.

Agora,  lá vem uma dessas  histórias, e essa é das boas.

Meu  amigo José Luiz Schneider contou-me esses dias, e garante que é verdade.

Ele tinha um sítio, onde criava gado. O  pasto era uma maravilha, sempre novo.  Era dividido em partes. Os animais eram levados para o lado onde o capim estava melhor. Ficavam ali, alimentando-se, até que ficasse liso, quando eram levados para o outro lado. Ocorria o mesmo, até a última parte. Quando voltavam para a primeira, o capinzal já estava pronto para alimentar, de novo, os animais.

Um dia, ele chegou ao  sítio  e o capim estava totalmente acabado,  destruído por um inseto chamado cigarrinhas-das pastagens. Esses insetos, quando pequenos,  sugam a seiva da raiz do capim.  E, quando adultos, comem o capim

E, agora, o que fazer? O empregado do sítio falou para meu amigo, muito envergonhado (porque estava falando com um conceituado médico,   como se não devesse falar aquilo e tal.) que conhecia um senhor que fazia uma simpatia,   e  as cigarrinhas  sumiam todas.

Sem saber o que fazer, meu amigo autorizou-o chamar o fazedor de simpatias, e voltou para a cidade.

Qual não foi a sua surpresa, ao retornar ao sítio depois de alguns dias e o capim estava novinho, totalmente recuperado.  Surpreso, ele perguntou qual fora o “milagre”.

O empregado contou-lhe: O “simpatista” abriu a raiz  da planta e tirou sete lagartinhas das cigarrinhas, colocou-as na palma da mão, e ficou rodando-as, enquanto as olhava firmemente, durante cerca de dez minutos. Vencido esse tempo, estava pronta a simpatia. E, segundo o empregado, as  lagartinhas estavam todas secas, mortas.

E o pasto voltou à vida!

Acredite, se quiser.

Maria Francisca – fevereiro de 2024.

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2 comentários

  1. Não é história de pescador, mas sim de agricultor.rsrs E contada por você tem outro sabor. Como já disse em outras publicações,sou fã incondicional seu. Não canso de parabenizar suas publicacoes.

    • Obrigada, caro amigo. Esse agricultor tem histórias…
      Esses dias, gravei uma história fantástica que ele me contou.
      Qdo ele publicar, mostro pra você.
      Grande abraço.

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Maria Francisca Lacerda
Poeta e escritora.
Espírito Santo - Brasil.


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