”Eu quero um rio de água viva!
Eu quero um sopro de esperança
Minh’ alma segue e não se cansa
De caminhar…”
Antônio Carlos Santini
Pedro é uma figura ímpar, dentre os apóstolos de Jesus. Amo esse apóstolo, porque era humano e mostrava toda a sua humanidade com os gestos e as palavras inusitadas ou inoportunas. Melhor dizendo, estava sempre falando pelos cotovelos. Errava, caia, levantava-se. Fraquejou na fé, ao andar sobre as águas, dormiu na agonia de Jesus no Jardim das Oliveiras e negou o Mestre três vezes.
No Monte Tabor, Pedro lança uma de suas pérolas. Como relatam Mateus (17,1-8), Marcos (9,2-8 )e Lucas (9,28-36), após a transfiguração de Jesus, Pedro fica tão maravilhado que diz: “Senhor, é bom estarmos aqui. Se queres, farei aqui três tendas: uma para ti, uma para Moisés e outra para Elias”. Jesus não deu papo pra ele. Mesmo porque, de repente, veio uma nuvem luminosa e os envolveu, deixando todos com muito medo, como diz o Evangelho. Fico a imaginar a cara de Pedro. Estava tão bom, daí a pouco aquela nuvem estranha e aquele medo! Teve vontade de correr, imagino.
Mas foi o homem escolhido por Jesus para receber as chaves do Céu e o texto bíblico mostra a bela trajetória desse homem e o trabalho que realizou.
Gosto muito dessa passagem bíblica. Quantas vezes, não tive vontade de ficar quietinha, deixando tudo sem fazer? Naquele comodismo gostoso, de preferência num cochilo de uma cama macia ou que tal numa rede? Mas o caminho está a aí para ser percorrido. Não há tempo a perder.
Pensando nisso, lembrei-me de uma história (haja história nessa cabeça de velha), sobre o batismo. Contou um amigo que um padre idoso visitando Manaus, foi levado a uma Igreja linda e muito antiga. Os anfitriões disseram-lhe que havia um problema sério naquela igreja: os morcegos. Não sabiam como acabar com eles. O padre, tranquilamente, disse: batiza-os. Boquiabertos, os jovens padres perguntaram: Como? E, ele, mais do que tranquilo. Ora, se batizar, somem todos…
Claro que foi uma brincadeira, mas com toda razão. Somos muito solícitos e presentes, enquanto queremos algo. Quando conseguimos, não damos mais valor, por sabermos que teremos algum trabalho. Isso ocorre na Igreja, quando as pessoas levam seus filhos para serem batizados, na Academia de Letras, onde frequentam antes de ser acadêmicos, depois todos somem. Nos trabalhos voluntários, quando fazem a preparação ou a formação específica, acham uma maravilha, mas na hora da batalha, cadê? Até na diretoria de associações de classe. Entrar para a diretoria é chique, mas as reuniões são muito cansativas. Não vou, não.
E há quem diga, achando bonito: fui convidado, mas não estava “afim”. Ninguém quer trabalho. O bom é cair tudo do céu, prontinho. Diante de uma dificuldade, então, é que nos acovardamos. Sentimos vontade de armar uma tendinha, ou, quem sabe, uma rede, e ficar a balançar preguiçosamente…em suma: fugir da raia. Quantas vezes não tive sono, quando via que tinha muito a fazer? Só pra fugir da responsabilidade. Talvez Freud explique.
Como na música religiosa, todos queremos um rio de água viva e um sopro de esperança, mas o importante, mesmo, é o final da estrofe: “Minh’alma segue e não se cansa de caminhar…”
E vamos que vamos.
Maria Francisca – julho de 2017.
Alda
8 de agosto de 2017 às 20:48
Mto bom Francisca ?
São Pedro tem a minha admiração e,penso ele negou 3vezes pq queria estar perto de Jesus a ver se poderia ajuda-Lo- não fugiu!não havia o que pudesse fazer naquele momento.
As associações se acomodam querem as glorias…..e os associados as redes kkk ☺
Mto boas as suas observações.
??
mariafrancisca
19 de agosto de 2017 às 15:09
Alda, você sempre aqui prestigiando. Obrigada.
Geraldo de Castro Pereira
10 de agosto de 2017 às 17:43
Francisca, excelente texto. Gostei muito. Parabéns.
mariafrancisca
19 de agosto de 2017 às 15:06
Obrigada, caro confrade.
Um abraço.
Arildo de Jesus
17 de agosto de 2017 às 10:04
Francisca, muito bom seus trocadilhos com Pedro. Espelham uma grande realidade em nosso cotidiano.
PARABÉNS
mariafrancisca
19 de agosto de 2017 às 15:05
Olá, Arildo.
Obrigada pela leitura e comentário.
Um abraço.