PAI, ME AJUDE A OLHAR! - Maria Francisca

 17 de maio de 2024 

Quando visitei a Babilônia (as ruínas), fiquei impressionada. Gente do mundo inteiro naquele lugar,  tanto que muita língua ali falada não se distinguia.  Parecia a Torre de Babel de que fala a Bíblia, e que alguns historiadores tratam como mito da fundação dos hebreus.

Quando nós falávamos, as pessoas olhavam como se  desejassem saber qual língua estávamos falando.

A História geral estava ali.

E quando estive no Egito e visitei as pirâmides? Fiquei parada longo tempo diante daquela obra majestosa e me perguntando: como puderam construir essas pirâmides?

O Cristo Redentor, a Estátua da liberdade, e assim, maravilhas no mundo todo e o que falar do Convento da Penha, aqui no ES?  No alto de um imenso penhasco.  Como se construiu aquele monumento histórico? Como foi? Que ideia magnífica! E que lugar lindo!

Tudo construído pelas mãos dos homens, com muito sofrimento dos escravizados. O sistema era assim e a única possibilidade que podemos pensar é que foram eles, os escravizados, que construíram todas aquelas imensas obras, com  a ideia dos entendidos daquele tempo.

Mas temos belezas naturais muito, muito mais belas…

O mar, que fica ali noite e dia, aquela beleza toda, e ninguém se importa!

Quando olho o mar, lembro-me de uma amiga, quando viu essa beleza pela primeira vez. Postou-se  de joelhos, com as mãos para o alto, em louvor a Deus.

E, hoje, relendo “O livro dos abraços” de Eduardo Galeano, deparei-me com o texto “A função da Arte/1”. Só transcrevendo, para ser fiel à perfeição dos escritos.

“Diego não conhecia o mar. O pai, Santiago Kovadloff, levou-o para descobrir o mar. Viajaram para o Sul. Ele, o mar, estava do outro lado das dunas altas, esperando.

Quando o menino e o pai enfim alcançaram aquelas alturas de areia, depois de muito caminhar, o mar estava na frente de seus olhos. E foi tanta a imensidão do mar e tanto o seu fulgor, que o menino ficou mudo de beleza.

E quando finalmente conseguiu falar, tremendo, gaguejando, pediu ao pai:

Me ajuda a olhar! “

Não me canso de admirar aquele vaivém do mar, as espumas rolando na areia, o barulho manso e tranquilo das ondas leves! Outra hora, altas ondas caindo com estrondo na praia. Perco-me na varanda, ou na beira da praia, olhando…

E as cachoeiras?

Estive em Foz do Iguaçu e fui visitar as Cataratas… Extasiada, foi a palavra que pode ser usada para minha atitude, naquele momento. Fiquei ali, parada, olhando, olhando, não queria mais sair. Quando passei para o lado da Argentina, meu Deus! Que coisa maravilhosa! Não conseguia despregar-me daquele lugar. Meus olhos eram só lágrimas, diante daquela beleza indescritível.

Qualquer cachoeira, mesmo pequena, me atrai. Quando vejo uma queda d’água, já quero ir chegando perto e enfiando a minha cabeça ali.

Agora, uma queda d’água daquelas das cataratas…

Os olhos não deram conta de apreciar as belezas. Só o coração.

Eu precisei  pedir ao Pai, como o menino: “Me ajude a olhar!”

 

Maria Francisca – março de 2024.

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2 comentários

  1. O que dizer desse texto? Somente parabenizar mais numa vez e quantas forem necessárias. Você tem o dom de transcrever e escrever. Todas as vezes que chego na varanda do meu apartamento e olho os vários montes agradeço a Deus. Agora vou acrescentar a frase ” Pai, me ajude a olhar”. obrigado. bjs.

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Maria Francisca Lacerda
Poeta e escritora.
Espírito Santo - Brasil.


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