Hoje, tentando arrumar o cantinho de livros religiosos de minha biblioteca, encontrei este livro muito antigo: “Minutos de Sabedoria”, de C. Torres Pastorinho. Foi só bater os olhos no tal livro e o túnel do tempo respondeu: presente!
Era a década de 70. Eu trabalhava no então INPS, que envolvia a área de benefícios previdenciários, arrecadação, pessoal etc.
Fui designada para chefiar o Serviço de Seguros Sociais, setor que cuidava de todos os benefícios previdenciários, inclusive de acidentes do Trabalho.
O serviço era tão volumoso que beirava a desumano. A equipe jovem e sem experiência, inclusive eu. Como lidar com tanto trabalho e ainda ter que orientar a tantos? Só com muita disposição, trabalho, broncas, jornada excessiva etc.
Naquela época, os universitários poderiam trabalhar em órgãos públicos, numa espécie de estágio, como participantes do Projeto Rondon. E no meu setor de trabalho havia alguns da área de engenharia, sem qualquer experiência administrativa ou social. Inclusive uma moça chilena que nem sequer dominava a língua portuguesa.
Eu passava o dia a ensinar aqui e ali e nem sempre tinha a paciência necessária.
Um dia, já cansada, à beira de um ataque de nervos, chega a chilena e pergunta, com aquele sotaque portunhol: Dona Franchesca, o que eu coloco na ficha? Era um caso de alta médica e eu disse: Data da cessação do benefício, mas você deve registrar a sigla DCB. Ela, sem saber o que era aquilo, perguntou: É B de burro ou B de bassoura?
Eu expliquei a ela o que era um B e um V em português e, cansada, atordoada, danada da vida de ter que responder até aquilo, abri a gaveta peguei o livro “Minutos de Sabedoria” com o objetivo de ler algo e acalmar-me. Abri aleatoriamente e li, mais ou menos isto: “Não se irrite. Tudo que sabe é dom de Deus. Então, ensine-o a seus semelhantes da melhor forma que souber”.
Fiquei mais danada, ainda, joguei o livrinho dentro da gaveta e comecei outro trabalho, mas ao fim do dia, refleti o que havia lido e contei aos colegas no dia seguinte. Eles riram e o livrinho mudou de nome. Era, agora, o livrinho abusado e todos me pediam, quando estavam cansados. Empreste-me o livrinho abusado…
Anos depois, juíza em Linhares, fui removida para Vitória. Lá, deixei um exemplar do livrinho para o colega que foi me substituir. Ele me ligou depois.
Francisca, você deixou um livro de pensamentos para mim, mas foi só abrir o tal livro e li: “Não julgueis para não serdes julgados”. Essa é boa, como é que faço, então?
Rimos juntos e contei a ele a história do livrinho abusado…
E, agora, abrindo o livro, leio e registro: “A vida é um canto eterno de beleza”. E acrescento: De aprendizado também.
Que assim seja!
Maria Francisca – janeiro de 2017.
Edson Looes
15 de janeiro de 2017 às 13:52
Mais uma excelente historia dentre muitas que ainda virao.Parabéns.
mariafrancisca
25 de janeiro de 2017 às 17:48
Obrigada, Edson, você sempre atento aos meus posts.
Abraço fraterno.
Attilius:Também tenho guardado um exemplar desses. Fica aqui no aparador do quarto de dormir. Ando meio esquecido dele, mas dou uma espiada de vez e quando. ele já me deu ums bons conselhos em momentos de aflição, mesmo que o asunto não era pertinente no momento, oorém tudo se encaixava "no depois". Coisas boas de se lembrar dos tempos de juventude, como suas lembranças saborosas. Você simplesmente desapareceu. Os netos não devem estar lhe dando sossego, né?
15 de janeiro de 2017 às 16:04
Também tenho guardado um exemplar desses. O miolo deve estar amarelado pelo tempo. Fica aqui no aparador do quarto de dormir. Ando meio esquecido dele, mas dou uma espiada de vez e quando. ele já me deu uns bons conselhos em momentos de aflição, mesmo que o assunto não era pertinente no momento, porém tudo se encaixava “no depois”. Coisas boas de se lembrar dos tempos de juventude, como suas lembranças saborosas. Você simplesmente desapareceu. Os netos não devem estar lhe dando sossego, né?
mariafrancisca
25 de janeiro de 2017 às 17:50
Não desapareci, não, meu amigo Attilius.
Apenas estou mais quieta. Você não tem enviado nenhum texto por e-mail, não é?
Obrigada por estar sempre presente.
Abraço fraterno.
- Attilius
15 de janeiro de 2017 às 16:08
Oi, Francisca.- Cabeça ruim: fui lhe enviar um comentário e saiu como resposta…. e o blog aceitou. ora essa!!! Coisas de computador.
mariafrancisca
25 de janeiro de 2017 às 17:50
Não tem importância, meu amigo. Sempre vale a pena ler mensagem sua. Obrigada.
Alda
15 de janeiro de 2017 às 18:25
Excelente!!? trouxe a minha memoria doces momentos: Minha Mae costumava let este precioso livro que mantinha na sua mesinha de cabeceira e,Como VC narrou,os conselhos vinham bem a calhar ?
Bjus
mariafrancisca
25 de janeiro de 2017 às 17:47
Pois é, Alda. Esse livro é precioso.
Beijos e obrigada.
Cínthia Lacerda
15 de janeiro de 2017 às 18:36
Texto envolvente sobre esse “livrinho abusado”, tia. Preciso de um pouco dessa sabedoria no meu dia. Beijão!
mariafrancisca
25 de janeiro de 2017 às 17:46
Oi, Cinthia.
Bom ter você aqui. Você é inteligente, menina, e a sabedoria virá, com certeza.
Beijos e obrigada.
Andra Valladares
15 de janeiro de 2017 às 19:05
Ótima crônica, Francisca. Tô precisando de um livro abusado desse. rs
mariafrancisca
25 de janeiro de 2017 às 17:45
Vou arranjar um pra você, Andra. Você vai gostar.
Beijos e obrigada.
Regina Lúcia Pinto Rangel
15 de janeiro de 2017 às 19:34
Boa noite Francisca
O livrinho abusado não saía da minha bolsa. Vez ou outra eu assisto no YouTube o próprio C. Torres Pastorino. Gosto muito . Recordar é sempre bom ! Você também já passou aperto!…
Abraços
mariafrancisca
25 de janeiro de 2017 às 17:44
E muito aperto, Regina! Como superar tanto aperto e sendo tão jovem, não é? Só com ajuda desses benditos livrinhos abusados…
Um abraço, Regina e obrigada.
lia noronha
15 de janeiro de 2017 às 22:20
Francisca: esse livro acompanhou por muito tempo meu dia a dia…grata pela lembrança!!
abraços carinhosos.
mariafrancisca
25 de janeiro de 2017 às 17:43
Esse livrinho abusado é bom demais, não é Lia?
Obrigada.
Beijos, também.
Euler
16 de janeiro de 2017 às 11:32
Francisca, acho que já li todo este livros umas 10 vezes. Quando o que lia não me agradava eu mudava de página para ver se amenizava. Era eu enganando a mim mesmo. rsrsrsr
mariafrancisca
25 de janeiro de 2017 às 17:42
Pensa que que eu também não fiz isso algumas vezes? Mas não adiantava. O livrinho abusado sempre vinha em cima.Rsrs
Obrigada, Euler.
Teste
16 de janeiro de 2017 às 16:15
Teste teste teste
asdf
16 de janeiro de 2017 às 16:55
asdf asdf asdf asdf asdf asdf
novo teste
16 de janeiro de 2017 às 16:57
novoteste novoteste novoteste novoteste novoteste novoteste novoteste
mais um teste
16 de janeiro de 2017 às 17:35
maisumteste maisumteste maisumteste
Lorenza
18 de janeiro de 2017 às 16:40
Adorei! Gosto de crônicas que eu penso que são verdadeiras e não inventadas! Me lembram que a vida alimenta a arte e a arte alimenta a vida!
mariafrancisca
25 de janeiro de 2017 às 17:41
É isso ai, Lorenza.
Obrigada.
Wilkis
4 de fevereiro de 2017 às 21:55
História interessante e edificante! Fato é que enquanto vivermos estamos apdendendo, e como a Bíblia diz:
“Se alguém julga saber alguma coisa, ainda não aprendeu como convém saber”.
(1 Coríntios, 8.2)
mariafrancisca
5 de fevereiro de 2017 às 14:00
É isso aí, Wikis. Só não aprendem os prepotentes.
Um abraço e grata pela leitura e pelo comentário.
Marcos Federici
13 de abril de 2017 às 16:20
Boa tarde!
Já estive com livro deste na mão e não me lembro de ter lido. Vou comprar um; estou precisando!!
Em um comentário acima, vi um (teste, e a resposta, asdf) e retornei no tempo: asdfg, çlkjh! minha nossa; que sofrimento! rsrsrs
Abraços