Ao Coletivo de Mulheres do Sindicato dos Engenheiros do ES.
Quem és tu, mulher?
Mulher que dança, que passa, que ora.
Mulher que ri, que chora, que segura
As lágrimas pra ninguém ver.
Mulher bordadeira que fere o dedo,
O sangue jorra vermelho, de doer.
Mulher parideira, que mora na roça,
Que planta, que colhe, mas não sabe ler.
Mulher operária, que sofre, que murcha,
Que busca a comida do filho na labuta.
Mulher que sente frio, que chora sem pudor,
Mulher sem vez, sem voz, nem poder
Flor empoeirada, sufocada,
Que murchou sem florescer,
No muro pobre, sujo, espinhoso
Que a aurora ilumina ao nascer
Mulher médica, engenheira, advogada
Mulher que conduz boeing, caminhão, trator,
Mulher pedreira, carpinteira, política,
Professora, oradora, mulher candidata
Que perdeu a eleição e desanimou.
Quem és tu, mulher?
Que quer pão e quer beleza
E não pode sorrir, nem sonhar.
Precisa costurar a vida, a desdita,
Desfazer caminhos malfeitos
De qualquer jeito.
A vida passa e não vês.
E sem perceber, passa a vez,
Passa a vez, outra vez…
Outra vez…
Eternamente?
Maria Francisca – setembro de 2016
Maria Wilma
22 de outubro de 2016 às 15:58
??? Lindo, Francisca!
Maria Francisca
24 de outubro de 2016 às 17:27
Grata, Maria Wilma. Esse poema foi inspirado nas Engenheiras que participam do Coletivo de Mulheres do Sindicato. Quarta, dia 19/10, fui palestrante no evento do lançamento desse Coletivo, com o tema: Mulher, qual a tua obra? Foi muito legal.
Edson Lopes
22 de outubro de 2016 às 18:37
Mais um belo poema de uma excelente escritora.
Maria Francisca
24 de outubro de 2016 às 17:28
Oi, Edson, obrigada. Você sempre gentil.Um abraço.
Zé Teles
23 de outubro de 2016 às 16:59
Como sempre que leio seus escritos, GOSTEI muito.
Maria Francisca
24 de outubro de 2016 às 17:29
Zé, poemas não são sua praia, não é? Você gosta mais de crônicas. Vou postar semana que vem mais uma. Grata pela sua constante leitura de meus escritos.