ESPÉCIE ENVERGONHADA - Maria Francisca

 22 de outubro de 2016 

 

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Ao Coletivo de Mulheres do Sindicato dos Engenheiros do ES.

Quem és tu, mulher?

Mulher que dança, que passa, que ora.

Mulher que ri, que chora, que segura

As lágrimas pra ninguém ver.

 

Mulher bordadeira que fere o dedo,

O sangue jorra vermelho, de doer.

Mulher parideira, que mora na roça,

Que planta, que colhe, mas não sabe ler.

 

Mulher operária, que sofre, que murcha,

Que busca a comida do filho na labuta.

Mulher que sente frio, que chora sem pudor,

Mulher sem vez, sem voz, nem poder

 

Flor empoeirada, sufocada,

Que murchou sem florescer,

No muro pobre, sujo, espinhoso

Que a aurora ilumina ao nascer

 

Mulher médica, engenheira, advogada

Mulher que conduz boeing, caminhão, trator,

Mulher pedreira, carpinteira, política,

Professora, oradora, mulher candidata

Que perdeu a eleição e desanimou.

 

Quem és tu, mulher?

Que quer pão e quer beleza

E não pode sorrir, nem sonhar.

Precisa costurar a vida, a desdita,

Desfazer caminhos malfeitos

De qualquer jeito.

 

A vida passa e não vês.

E sem perceber, passa a vez,

Passa a vez, outra vez…

Outra vez…

Eternamente?

 

Maria Francisca – setembro de 2016

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6 comentários

  1. ??? Lindo, Francisca!

    • Grata, Maria Wilma. Esse poema foi inspirado nas Engenheiras que participam do Coletivo de Mulheres do Sindicato. Quarta, dia 19/10, fui palestrante no evento do lançamento desse Coletivo, com o tema: Mulher, qual a tua obra? Foi muito legal.

  2. Mais um belo poema de uma excelente escritora.

  3. Como sempre que leio seus escritos, GOSTEI muito.

    • Zé, poemas não são sua praia, não é? Você gosta mais de crônicas. Vou postar semana que vem mais uma. Grata pela sua constante leitura de meus escritos.

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Maria Francisca Lacerda
Poeta e escritora.
Espírito Santo - Brasil.


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