VALE A PENA? - Maria Francisca

 21 de agosto de 2022 

Meu hábito nas manhãs: após minhas orações, abro o site do UOL, vejo as manchetes, avalio o que ler, passo para a Folha e leio o que desejo. Recebo jornais locais, faço o mesmo.

Às vezes, umas manchetes tão idiotas, no meu ponto de vista, que nem deveriam estar ali. Algumas apenas tentam chamar atenção para a notícia que nem sempre é como está na chamada. Outras, nem abro, tão esquisitas.

Outras, ainda, penso, não valem a pena. Por exemplo: “Casal compra casa e, ao chegar com a mudança, encontra mais de 16 gatos”.

Também, para que preciso saber quantos maridos teve uma atriz ou quantas namoradas teve um ator, cantor, celebridade qualquer?  Se é gay, lésbica, trans etc.  Isso vai fazer diferença em minha vida? A vida é deles. Cada um sabe como viver. Suas escolhas não são da minha conta. Não me acrescenta, nem me reduz como pessoa saber e, pior, opinar sobre certas questões.

Exibir-se nas redes sociais é outra “exigência” moderna. Ninguém quer ler nada sério. Diz Nuccio Ordine (A utilidade do inútil): “Num contexto social em que se dá mais atenção ao aspecto exterior que à dignidade interior não é de se admirar que a ignorância mais grosseira tenha assumido a aparência de instrução”. Basta ver a atenção que se dá aos ex-BBB e aos atuais, aos atos extravagantes de certas celebridades, e que são acompanhados por muitos, procurando imitar as roupas, os cortes de cabelo, o estilo etc. Aliás, o que se tornou inútil para o grande público foi o conhecimento.

Há anos, li um conto, que falava da colonização americana, quando chegaram lá os “peregrinos” e formaram colônias que, posteriormente, estados do sul e do norte, protagonizaram a famosa guerra de Secessão.

Pena que não me lembro o autor/autora. Tratava-se de Colônia do Norte, que trabalhava com manufatura (mais importante) e agricultura, mas agricultura familiar, ou quase familiar, já que tinha empregado.

Resumo da “ópera”: Uma menina da família de agricultores saiu a caminhar e encontrou um empregado que cuidava da plantação. Criança gosta de conversar, sabemos. E começou um papo com o trabalhador. Ali ficou divertindo-se com as histórias do homem. A mãe, ao sentir falta da criança, começou a chamar: Ellen, Ellen… Encontrou a filha a conversar e chamou-a para casa. A menina disse: Mamãe, espere, o Mr. James está me ensinando a cuspir longe. A mãe, surpresa com a situação, virou-se para o trabalhador e disse, gentilmente: Mr. James, o senhor acha que é relevante ensinar uma criança a cuspir longe? Ou seja: para que serve isso?

Hoje, quando vejo algo que não me trará acréscimo algum, seja totalmente inútil ou inaproveitável, lembro-me desse conto e digo:

É tão importante como aprender a cuspir longe.

 

Maria Francisca – agosto de 2.021.

 

 

 

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4 comentários

  1. Em seus textos eu sempre aprendo. Gostei! Vou adotar também essa frase quando alguma coisa não me interessar.rsrs
    Obrigado pelo aprendizado e parabéns por mais um belo texto.

  2. Quando eu era criança, apostava com meus irmãos quem cuspiria mais longe! Excelente sua crônica! Continue nos encantando com muitas outras! Abraços fraternais!

    • Caro amigo Geraldo, eu me lembro dessa brincadeira dos meninos. Muito feio para meninas…rsrs.
      Obrigada pela leitura e comentário.
      Um abraço,
      Francisca

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Maria Francisca Lacerda
Poeta e escritora.
Espírito Santo - Brasil.


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