Que “Amigo é coisa pra se guardar debaixo de sete chaves, dentro do coração”, como diz a bela canção do Milton, todos já sabemos, mas e aquele amigo tão chato, tão chato, que ninguém mais aguenta?
Em primeiro lugar, amigo é amigo, chato ou não.
Pensei nisso, hoje, porque vi a tirinha de “Os Passarinhos” do Estêvão, no caderno 2, do Jornal A Gazeta e lembrei-me (“No pensamento a gente voa”) do meu amigo Barzilai. Quando um de nós estava muito chato, ele dizia: O que fazer? A gente não escolhe os amigos que tem.
Era uma brincadeira, mas serve para uma reflexão.
Claro que escolhemos nossos amigos, entretanto, há pessoas que podem ser chatas a mais não poder e têm tantas outras qualidades, como competência, lealdade, solidariedade, que esquecemos sua chatice. Muitas vezes, temos vontade de sair de perto, mas como deixar um amigo falando sozinho?
Em tempo de polarização política, dá vontade de deixar o amigo falando sozinho, sim, quando insiste em certas ideias, como a tentar fazer-lhe mudar de opinião, bandear para o lado que ele quer. E se o amigo não tiver “desconfiômetro”, característica do chato?
Uma amiga, disse-me: logo você, uma pessoa esclarecida, pensar dessa forma? Rápido, lembrei-me de Schopenhauer no livro “Como vencer um debate sem ter razão”, porque, em verdade, ela alertava-me sobre minha atitude (segundo ela) burra. Então, para não brigar com ela (burra, eu?) brinquei: Mire-se no espelho e veja a aparência de que se revestiu, falando isso comigo. Olhe sua cara. Raivosa. Desse jeito, você nunca vai me convencer.
Aí está o x da questão. Escolhi aquela chatice? Não. Escolhi o amigo e ele vem com tudo: qualidades e defeitos, como todos nós. Não somos tachados muitas vezes, da mesma forma? E quem garante que não somos assim?
Pois bem. Tenho alguns amigos que muita gente acha chatos e me diz: como você aguenta? Respondo: Gosto deles, são meus amigos. E ponto final.
Quem sabe um amigo chato não nos ajudará a melhorar nossa paciência e tolerância com os diferentes, como disse o Hector, o dito chato, ao Afonso, o amigo ácido, na tirinha do Estêvão Ribeiro?
Euler
5 de outubro de 2018 às 15:25
Amigo que é amigo tem que ser chato de vez em quando. É bom para acordarmos de nossas rotulações chatas.
Parabéns
mariafrancisca
10 de outubro de 2018 às 18:24
Tem razão, Euler. De vez em quando, vale. Obrigada.
Grande abraço.
Estevão Ribeiro
5 de outubro de 2018 às 19:54
Oi, Maria!
Obrigado pela citação!
mariafrancisca
10 de outubro de 2018 às 18:38
Olá, Estêvão. Amo suas tirinhas. Leio todas. Esses seus passarinhos são ótimos. Eu já havia feito uma citação numa crônica anterior que está no blog. Quando eles discutem sobre escrever. Se quiser ver, aí vai o link. https://mariafrancisca.blog.br/profissao-escritora/
Obrigada pelo seu belo trabalho.
Grande abraço.
cas.pereira@bol.com.br
5 de outubro de 2018 às 22:50
Muito bom seu texto, prezada Francisca.Parabéns!Continue nos deliciando com os seus belos escritos! Abços
mariafrancisca
10 de outubro de 2018 às 18:24
Obrigada, Geraldo. Você sempre gentil.
Um abraço.
Maria Wilma de Macedo Gontijo
7 de outubro de 2018 às 00:34
Querida Francisca: amigo é amigo, né? Sem adjetivo. Mas sua crônica está uma delícia! Com direito a tirinha e tudo. Valeu.
mariafrancisca
10 de outubro de 2018 às 18:25
Pois é, Maria Wilma. Amigo é amigo.
Obrigada pela leitura e comentário.Saudades de você.
Bjs.
Tariane Vitória Campos Lopes
7 de outubro de 2018 às 21:38
Tem é muuito amigo sendo chato nesses tempos de eleições tia! Só Deus para nos dar paciência e sabedoria. kkkkk
mariafrancisca
10 de outubro de 2018 às 18:26
Pois é, Tariane. Mas como é amigo…Fazer o quê, né?
Bjs.
Arildo de Jesus
8 de outubro de 2018 às 09:32
Bom dia, Francisca.
Olha, eu tinha um amigo ( que há muito tempo não o vejo), que tinha o hábito de, enquanto estávamos conversando, ia chagando mais próximo de mim que chegava a incomodar, aí eu dava um passo atrás com ato repetitivo. Doideira, né ?
mariafrancisca
10 de outubro de 2018 às 18:27
Oi, Arildo.
Eu tenho uma amiga assim. Vai conversar comigo e fica batendo no meu braço. Dá uma aflição…
Grata pela leitura e pelo comentário.
Um abraço,
Francisca
Gláucia
10 de outubro de 2018 às 10:11
Adorei! Bem oportuna a reflexão!
mariafrancisca
10 de outubro de 2018 às 18:39
Que bom que você gostou. Bjs.